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Pare de dizer que é "tudo cabeça": o perigo da positividade tóxica no câncer

  • oncomaishumana
  • 17 de set.
  • 4 min de leitura
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“Ela é muito negativa, certeza que teria um câncer.” “Meu pai sempre foi superpositivo, então o câncer dele sumiu porque ele nunca se deixou abalar.” “É tudo coisa da cabeça. Se pensar positivo, a doença vai embora.”

Frases assim são ouvidas com frequência por pessoas que enfrentam o câncer ou convivem com quem recebeu esse diagnóstico. Elas revelam uma crença popular que atravessa gerações: a ideia de que o estado emocional de alguém determina o surgimento ou a cura do câncer. Mas será que existe, de fato, relação entre o humor, o otimismo e a evolução dessa doença? Ou estamos diante de mais um mito que precisa ser desconstruído?

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), não há evidências científicas que provem que sentimentos como tristeza, pessimismo ou alegria sejam responsáveis pelo aparecimento ou desaparecimento de um câncer. O câncer é uma doença multifatorial, com causas que envolvem genética, estilo de vida, exposição ambiental e outros aspectos que vão muito além da esfera emocional.

Ainda assim, a chamada “positividade tóxica”, a imposição para que as pessoas sejam sempre otimistas e alegres, mesmo diante de situações difíceis,  tem crescido nas redes sociais e no convívio cotidiano. E quando esse discurso chega ao universo do câncer, ele pode trazer mais peso do que conforto.


A ciência por trás do câncer: o que realmente causa a doença


De acordo com a American Cancer Society, o câncer surge quando células do corpo passam a crescer de forma desordenada, escapando dos mecanismos naturais de controle. Esse processo pode ser desencadeado por mutações genéticas, exposição a agentes carcinogênicos (como cigarro e radiação), fatores hereditários e envelhecimento.

Ou seja, o desenvolvimento do câncer tem raízes biológicas complexas, e não emocionais. Estudos analisados pelo National Cancer Institute reforçam que não existe comprovação científica de que emoções negativas, como raiva ou tristeza, sejam capazes de iniciar ou curar o câncer.

Por outro lado, há pesquisas que mostram que fatores emocionais podem influenciar a forma como o paciente lida com o tratamento, mas não na origem da doença. Manter uma rede de apoio, ter acompanhamento psicológico e estratégias para lidar com o estresse podem melhorar a qualidade de vida, a adesão ao tratamento e até os sintomas físicos. Mas isso não significa que o humor determina a cura.


Quando o otimismo vira um peso: a positividade tóxica


O problema da chamada positividade tóxica é que ela transforma a exigência de ser feliz e otimista em mais uma pressão para quem já enfrenta o desafio do câncer. É como se o paciente não pudesse expressar medo, tristeza ou raiva, porque isso seria “alimentar a doença”.

Segundo a American Psychological Association, aceitar e expressar emoções de forma saudável é fundamental para o bem-estar emocional. Quando alguém é constantemente incentivado a “não pensar no problema” ou “manter o sorriso”, pode acabar sentindo culpa por ter momentos de desânimo, algo absolutamente humano e esperado em situações de doença.

Essa cultura do “pensamento positivo a qualquer custo” pode fazer com que pacientes escondam sentimentos, evitem falar sobre suas angústias e até se afastem de redes de apoio, acreditando que precisam ser “fortes o tempo todo”. Na prática, isso gera isolamento e sofrimento emocional ainda maior.


O impacto psicológico e a importância do acolhimento


De acordo com o INCA, o tratamento oncológico deve considerar não apenas o corpo, mas também a saúde emocional e a qualidade de vida do paciente. É por isso que muitos centros de referência contam com psicólogos, psiquiatras e grupos de apoio, oferecendo espaços seguros para que o paciente possa expressar livremente seus sentimentos.

Ter dias tristes, sentir medo ou ficar desanimado não significa ser fraco. Muito menos significa “atrair coisas ruins”. Pelo contrário: reconhecer e acolher essas emoções faz parte de um processo saudável de enfrentamento.

Estudos publicados pelo National Cancer Institute mostram que intervenções como terapia cognitivo-comportamental, grupos de apoio e técnicas de relaxamento podem reduzir sintomas de ansiedade e depressão em pacientes oncológicos. Mas, novamente, essas estratégias atuam no bem-estar emocional, não na cura da doença.


Como amigos e familiares podem apoiar de verdade


Se você tem um amigo ou familiar com câncer, evite frases como “pense positivo” ou “você precisa ser forte”. Em vez disso, ofereça escuta e apoio reais. Pergunte como a pessoa está, valide os sentimentos dela e esteja disponível para conversar sem julgamentos.

De acordo com a American Cancer Society, o apoio emocional genuíno tem impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, ajudando na adesão ao tratamento e reduzindo a sensação de isolamento.

Às vezes, estar presente e acolher um momento de tristeza pode ser muito mais valioso do que tentar convencer alguém a “ver o lado bom”.


Informação é poder


Mitos sobre o câncer podem causar sofrimento desnecessário. Quando familiares e pacientes acreditam que “tudo é questão de pensamento”, podem acabar negligenciando a importância do tratamento médico adequado.

Segundo o INCA, os maiores avanços no tratamento do câncer vêm de fatores como diagnóstico precoce, terapias personalizadas e acesso a tratamentos modernos, não de mudanças no humor ou na personalidade dos pacientes.

Por isso, combater a desinformação e entender os verdadeiros fatores de risco é essencial para que as pessoas façam escolhas de saúde baseadas em evidências científicas.


Cuidando da mente sem cair em mitos


Cuidar da saúde mental é importante para todos, inclusive para quem enfrenta o câncer. Mas esse cuidado deve vir sem a pressão de estar sempre feliz.

Terapias, atividades relaxantes, espiritualidade e momentos de lazer podem ajudar a lidar melhor com o estresse do tratamento. No entanto, é fundamental entender que essas práticas complementam o cuidado médico, mas não substituem consultas, exames e tratamentos indicados por especialistas.


Onco Mais Humana: acolhimento além do tratamento


Na Onco Mais Humana, acreditamos que informação e acolhimento caminham juntos. Nosso compromisso é oferecer um atendimento humanizado, com suporte emocional, escuta atenta e orientação baseada em evidências científicas.

Se você ou alguém que você ama enfrenta o câncer, estamos aqui para apoiar em cada etapa, com profissionais preparados para cuidar do corpo e da mente, sempre com respeito e empatia. Entre em contato!



 
 
 

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