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Qualidade de Vida X Anos de Vida: O Que Realmente Importa no Tratamento do Câncer?

  • oncomaishumana
  • 16 de abr.
  • 4 min de leitura

O tratamento oncológico envolve muito mais do que exames, quimioterapias e procedimentos técnicos. Ele exige, sobretudo, uma escuta sensível, respeito às individualidades e decisões que nem sempre são fáceis. Entre elas, talvez a mais delicada seja a escolha entre prolongar o tempo de vida ou priorizar a qualidade dos dias. Mais do que uma decisão médica, essa é uma decisão muito pessoal e que deve ser feita com o máximo de informação, acolhimento e humanidade.


Paciente com câncer
Paciente com câncer

O dilema entre tempo e bem-estar


É natural que pacientes diagnosticados com câncer queiram viver o máximo de tempo possível. A medicina evoluiu de forma impressionante nas últimas décadas, oferecendo terapias inovadoras que aumentam significativamente a sobrevida, inclusive em estágios mais avançados da doença. No entanto, é importante compreender o custo que alguns tratamentos impõem à qualidade de vida.

A depender do tipo de câncer, da linha de tratamento e das condições clínicas do paciente, os efeitos colaterais podem ser severos: fadiga crônica, náuseas persistentes, perda de apetite, dores, alterações cognitivas e impacto emocional relevante. 

Há casos em que, mesmo diante de um bom prognóstico, o tratamento traz consigo uma toxicidade tão elevada que interfere diretamente no cotidiano, nos vínculos, na autonomia e na sensação de bem-estar do paciente. Por isso, a pergunta que se impõe não é apenas “quanto tempo a mais esse tratamento pode oferecer?”, mas também: “como será esse tempo?”.


Qualidade de vida como parte do tratamento desde o início


Durante muito tempo, qualidade de vida foi vista como uma preocupação secundária ou algo a ser considerado apenas quando o objetivo de cura se esgotava. Hoje, no entanto, essa visão tem mudado. A medicina moderna reconhece que tratar o câncer não deve significar apenas combater células tumorais, mas também preservar a dignidade, a funcionalidade e o bem-estar da pessoa como um todo. 

É por isso que a abordagem centrada no paciente tem ganhado espaço. Ela considera as preferências individuais, os valores, os objetivos e os limites de cada pessoa em todas as fases do tratamento. Essa mudança de paradigma permite que decisões importantes sejam tomadas com base não apenas em exames e protocolos, mas também naquilo que é significativo para o paciente.


Há quem escolha viver menos, mas melhor 


Em consultório, não é incomum encontrarmos pacientes que, mesmo diante da possibilidade de um tratamento agressivo e potencialmente eficaz, optam por não segui-lo. Alguns não desejam passar pelos efeitos adversos da quimioterapia. Outros já vivenciaram tratamentos anteriores e não querem repetir experiências dolorosas ou debilitantes. Esse tipo de decisão costuma gerar desconforto, especialmente entre familiares. Afinal, a ideia de “lutar até o fim” está fortemente enraizada na nossa cultura. Mas é essencial compreender que recusar um tratamento agressivo não é desistir da vida, é escolher vivê-la da forma mais plena possível, mesmo com o tempo limitado. 

O papel da equipe médica, nesse contexto, é oferecer todas as informações de forma clara, empática e sem julgamentos. Cabe aos profissionais explicar os potenciais benefícios, os riscos, os efeitos adversos e o impacto esperado de cada intervenção. Com isso, o paciente pode fazer escolhas conscientes, alinhadas com seus próprios valores.


Um dos equívocos mais comuns em oncologia é associar os cuidados paliativos exclusivamente ao fim da vida. Essa visão limitada priva o paciente de um recurso extremamente valioso, que pode e deve ser incorporado desde o início do tratamento. Cuidados paliativos são, em essência, uma abordagem multidisciplinar focada no alívio de sintomas físicos, emocionais, sociais e espirituais. Eles não excluem o tratamento oncológico, pelo contrário: caminham lado a lado, ajudando a minimizar o sofrimento e a melhorar a experiência do paciente durante todo o processo. O acompanhamento paliativo é essencial para lidar com as incertezas, redefinir metas terapêuticas e auxiliar nas decisões mais difíceis, como a interrupção de tratamentos que não oferecem mais benefícios. Estudos mostram que pacientes que recebem cuidados paliativos precocemente não só vivem melhor, como também vivem mais, em muitos casos.


Quando parar é uma forma de cuidado


Existem momentos em que a continuidade do tratamento oncológico não traz mais ganhos reais. Após múltiplas linhas de terapia, sem resposta clínica significativa e com progressivo comprometimento do estado geral, a insistência em intervenções agressivas pode apenas aumentar o sofrimento. É aí que entra uma reflexão corajosa, porém necessária: vale a pena continuar? Essa decisão não deve ser vista como um abandono do paciente, mas como uma mudança de foco. Em vez de insistir em prolongar o tempo a qualquer custo, passa-se a priorizar o conforto, a autonomia e a possibilidade de viver os últimos dias com dignidade e cercado de afeto. A interrupção do tratamento ativo deve sempre ser acompanhada por uma equipe atenta, que garanta controle rigoroso dos sintomas, suporte psicológico e acolhimento familiar. Isso é, acima de tudo, uma forma de cuidado. Nenhuma dessas escolhas descritas deve ser feita de forma isolada.

O tratamento do câncer é, antes de tudo, uma relação construída entre paciente e equipe de saúde. Em que é preciso haver diálogo honesto, escuta ativa e abertura para conversar sobre temas delicados, como sofrimento, medo, limites e morte. A decisão entre priorizar anos de vida ou qualidade de vida não é um dilema com resposta certa ou errada. Ela depende do contexto clínico, das possibilidades terapêuticas, mas principalmente dos desejos de quem está em tratamento. Cabe à equipe médica garantir que todas as alternativas estejam sobre a mesa, que o paciente compreenda as implicações de cada uma e que sua decisão seja respeitada.


Qual é o verdadeiro tratamento de valor?


Nos últimos anos, tem se falado muito sobre “tratamento de valor” em saúde. Na oncologia, esse conceito não pode ser medido apenas pela sobrevida ou pelos desfechos objetivos. Tratamento de valor é aquele que respeita o paciente como pessoa, considera sua história, seus projetos e oferece uma atenção integral. Oferecer um tratamento de valor significa, sim, buscar a eficácia clínica, mas também minimizar o sofrimento, preservar a autonomia e garantir que o paciente esteja no centro das decisões. Significa reconhecer que viver mais pode ser importante, mas viver bem, com sentido, é o que realmente importa.


Sobre a Onco Mais Humana 


A Onco Mais Humana é formada por um time de médicas oncologistas comprometidas com um cuidado centrado no paciente, onde acolhimento, escuta e informação de qualidade caminham juntos. Acreditamos que a oncologia precisa ir além do protocolo: deve respeitar o tempo, o limite e os valores de cada pessoa. Nosso propósito é oferecer um tratamento técnico, atualizado e verdadeiramente humano, porque cada vida importa, e cada escolha merece ser ouvida.



 
 
 

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